O novo filme da série Planeta dos Macacos é o terceiro situado temporalmente antes do clássico de 1968. O aparecimento de uma nova personagem aqui, a menina (Amiah Miller), diminui o espaço entre os dois filmes, apontando caminhos que uma possível futura continuação possa seguir. No entanto, Matt Reeves (o mesmo diretor de Planeta dos Macacos: O Confronto) faz um western disfarçado de ficção científica que comenta algo sobre o nosso presente.
Cesar (Andy Serkis), o símio protagonista dessa nova trilogia, vê sua mulher e filho serem mortos por militares humanos. Obcecado por vingança, lidera uma rebelião contra eles, que estão abrigados num forte, onde escravizam macacos para a construção de um muro, à la Trump. Liderado por um sujeito que atende apenas como Coronel (Woody Harrelson), o exército de humanos se comporta de maneira mais troglodita e irracional do que os macacos, que se revelam excelentes estrategistas.
Na jornada a caminho do campo onde estão os escravos, Cesar e seu grupo encontram uma garotinha muda, que se chamará Nova (Amiah Miller), numa referência ao filme de 1968, e um chimpanzé de zoológico (Steve Zahn), que funciona como alívio cômico e fofo do filme, mas também terá um papel fundamental na rebelião contra os humanos tiranos.
Se, no filme anterior, Cesar fez todo um esforço para encontrar a harmonia entre humanos e macacos, rejeitando qualquer forma de violência, agora ele percebeu que isso não é possível e a saída será sangrenta. Além disso, ele quer a todo custo fazer o Coronel pagar pelos seus crimes.
Tecnicamente, o filme é impressionante, e a evolução tecnológica da série parece acompanhar a evolução/humanização dos macacos. É possível notar em detalhes as expressões faciais dos personagens – especialmente de Cesar. Isso permite que os símios sejam mais desenvolvidos enquanto personagens do que os humanos, que resultam um tanto planos, sem nuances. Há um paralelo interessante, mas mal explorado, entre o protagonista e o Coronel.
Ecos de Apocalypse Now, remetem Planeta dos Macacos - A Guerra a filmes que têm o conflito ao centro. O diretor, trabalhando com um roteiro assinado por ele e Mark Bomback, no entanto, opta por um clímax tão anticlimático que pode frustrar algumas expectativas.