Inspirado numa figura real, o policial brasileiro Amado busca um protagonista repleto de nuances. O personagem-título, interpretado por Sérgio Menezes (O Novelo) é dúbio: seria um herói ou um assassino impiedoso? O filme, dirigido por Edu Felistoque e Erik de Castro, se constrói a partir desse cabo, cuja moral guia-se por regras próprias.
Com roteiro assinado por Castro, o filme evita transformar esse personagem num herói, escancarando suas ações fora da lei, embora, em sua mente, ele pense estar agindo por um bem maior. Morador da Ceilândia (DF), ele atua evitando as burocracias e instituições, colocando em risco não apenas seu emprego mas também sua vida e a das pessoas próximas a ele.
Por um lado, Amado bate de frente com seus superiores – especialmente aqueles claramente envolvidos em esquemas de corrupção e que tentam aliciá-lo para participar. A moral rígida do protagonista, num primeiro momento, transforma-o numa figura positiva, mas o filme quer trazer outras camadas, pois quando Amado passa a agir por conta própria, ele já não mantém mais os traços de heroísmo de outrora.
Menezes se revela um ator capaz de captar a complexidade e nuances de Amado, uma figura que, com o tempo, revela-se mais perigosa do que heroica. Ajuda também o fato de estar cercado de um bom elenco coadjuvante, embora os personagens nem sempre igualem a complexidade do protagonista, tornando-se mais veículos de estereótipos do que seres humanos.