É de se perguntar se as referências da comédia romântica 13 Sentimentos conseguem reverberar fora de São Paulo – ou, ainda mais especificamente, do bairro de Santa Cecília, próximo ao centro da cidade. Os personagens e seus modos de vida são tão, mas tão Santa Cecilers que para quem está fora da região acaba sendo irritante. Mas esse talvez não seja exatamente o maior problema do longa escrito e dirigido por Daniel Ribeiro.
Como bem se sabe, o inferno cinematográfico está cheio de boas intenções, como é o caso desse filme, um tanto anódino, quase uma fantasia totalmente fora da realidade, num mundo onde ninguém quer arriscar muito com personagens gays – talvez com medo de ofender a comunidade se fugir do padrão branco de classe média.
João (Artur Volpi) é um cineasta que termina um relacionamento de 10 anos. Sentindo-se sozinho emocional e fisicamente, ele começa uma caça em aplicativos de namoro e sexo em busca de um novo companheiro ou de um encontro de apenas uma noite. Também sem emprego, o protagonista acaba com o inusitado trabalho de fazer filmes caseiros de casais que o contratam para isso.
O título indicaria uma jornada por meio de sentimentos e lembranças, um João em busca de superar o antigo namoro e, para isso, começa a escrever um filme baseado em suas experiências, que incluem um casal que se torna seu primeiro cliente no mundo da pornografia amadora, e uma tentativa de relacionamento com Vitor (Michel Joelsas), por quem se apaixona logo de cara.
Ribeiro, que se mostrou mais eficiente em Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, faz um filme enfadonho baseado em suas próprias experiências quando terminou o namoro com o também cineasta Rafael Gomes, que fez o filme 45 dias sem você baseado na mesma experiência. Como se vê, o ex-casal gosta de números nos títulos de seus filmes e de transformar suas vidas em cinema. Para um filme com tantos sentimentos no título, do lado de cá da tela pode causar apenas um: tédio.