25/04/2025
Terror

Possessões

A vida do casal Carlos e Marta se transforma quando ela é possuída pelo espírito de Mariazinha, uma mulher que Carlos estuprou. Tempos depois, a jovem Leila vai morar no apartamento que foi do casal, e começa a presenciar estranhos fenômenos.

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Autor de novelas de sucesso, como Mutantes e suas sequências, Tiago Santiago estreia como diretor de cinema com o equivocado terror Possessões, que traz no elenco Juliana Xavier, prima do diretor e atriz de suas novelas, Fernanda Nobre, Marcelo Serrado e Antonio Pitanga, entre outros. 

O longa é composto de duas histórias. Nenhuma delas com um mínimo de qualidade. Em comum às duas, o cenário, um apartamento de classe média alta, e a possessão espiritual. A primeira é protagonizada por Nobre e Serrado. Eles são noivos que se casarão em breve, mas ela é tomada pelo espírito de uma certa Mariazinha. 

Depois de muito enrolar, ele assume que essa mulher foi uma jovem que ele estuprou. Depois, ela virou prostituta e foi assassinada. Essa frase é dita com a maior naturalidade do mundo – assim como outras do tipo “Surra de galinha viva eu não vou fazer”, ou ainda “É melhor me internar, vai que eu sou esquizofrênica, e a gente não sabe.”

Para tentar resolver a possessão, o casal procura um pai de santo, vivido por Pitanga. Tudo o que se refere às religiões de matriz africana no filme é um tanto ridículo ou ridicularizado, da “surra de galinha viva”, dita com desdém, ao cenário. Pode não ser feito intencionalmente para efeito cômico, mas da forma como se apresenta no filme, é. 

A segunda história é protagonizada por Juliana Xavier, que aluga um apartamento ótimo por um preço barato porque houve um suicídio ali. O porteiro (Tuca Andrada) e o vizinho (André Di Mauro) avisam que o lugar é, digamos, mal assombrado. Não demora muito e a protagonista começa a ouvir barulhos estranhos. 

O baixo orçamento é visível, mas isso não seria exatamente um problema, haja vista tantos filmes de poucos recursos financeiros que conseguem driblar isso com muita criatividade e são excelentes. Talvez o maior problema aqui seja a falta de experiência de Santiago, que assina também o roteiro e a  produção do filme, no qual tudo soa como amador.

As características técnicas do longa não se sustentam. Não há um bom trabalho de câmera ou fotografia, a trilha sonora onipresente tenta criar um clima, mas não é bem assim que as coisas funcionam, especialmente no gênero terror. Para que seja bom, é preciso que a atmosfera nasça naturalmente, não adianta forçar. No fim, é de se perguntar como um filme pedestre como esse consegue chegar aos cinemas enquanto outros longas brasileiros de mais qualidade nunca encontram um distribuidor. 

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