21/01/2025
Musical Fantasia

Wicked

Elphaba Thropp é uma jovem que sofre preconceitos por sua pele ser verde. Porém, ao entrar na Universidade Shiz, sua vida se transforma, aprendendo a domar seus poderes e fazendo amizade com Galinda, uma jovem bonita e popular.

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Com quase 3h de cantoria, Wicked ainda é a primeira parte da adaptação do musical, criado por Stephen Schwartz e Winnie Holzmanque, por sua vez, partem do livro homônimo do estadunidense Gregory Maguire. Tanto é dito, mostrado e cantado nesse primeiro filme, que fica a indagação do que ainda possa haver por vir. Uma coisa é certa, a se julgar pelas sessões prévias, os fãs do musical estão em êxtase, os demais, nem tanto.

Dirigido por Jon M. Chu (Podres de Ricos), o filme conta a história da Bruxa Má do Oeste, cujo nome (ao menos nesse filme e no livro) é Elphaba Thropp. Sua principal característica é ser verde, o que a faz ser ostracizada na própria família. Suas origens são incertas, pois sua mãe era infiel ao marido, e não há ninguém verde entre os Thropp. Ela cresce cuidando de sua irmã mais nova, Nessarose, e logo cedo demonstra poderes incompreensíveis. 

O longa começa remetendo ao Mágico de Oz, quando Dorothy mata a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Sul, avisa a todos que estão livres da dominação e opressão. Mas quando uma criança pergunta a ela se era verdade que, na universidade, as duas bruxas eram amigas, começa um longo flashback que conta as origens de Elphaba e a amizade entre as duas.

Elphaba é interpretada pela atriz e cantora Cynthia Erivo. Ela é uma jovem tímida que devotou a vida à irmã mais nova (Marissa Bode), que está numa cadeira de rodas, e foi aceita na Universidade Shiz. No primeiro dia, Elphaba a acompanha ao campus e, de longe, vê Galinda (Ariana Grande-Butera), cujo nome mudará apenas mais tarde. Ela é bela e popular, e acredita que seus poderes são grandes. Nessa mesma ocasião, Madame Morrible (Michelle Yeoh) percebe os poderes de Elphaba, e a convida para ser sua aluna e orientanda exclusiva. 

É curioso como há quase um quê de Harry Potter nessa dinâmica da universidade de magia, com aulas sobre elementos mágicos, disputa entre personagens e a construção de um universo próprio. Galinda é adorada por seu séquito (Bowen Yang e Bronwyn James), e um dos professores é Dr. Dillamond, uma cabra, dublada por Peter Dinklage.

Transitando entre tons de verde e rosa, remetentes às duas protagonistas, o filme tem, como é de se esperar, uma direção de arte apurada, mas uma fotografia sem muito charme ou ousadia. Tudo parece feito sem riscos, confiando exatamente no sucesso do musical que estreou, originalmente, na Broadway em 2003.

As músicas, como é típico do gênero, são fáceis e um tanto pegajosas, afinal a fama do musical foi construída assim. Estão na tela números como No One Mourns The Wicked, What Is This Feeling?, I'm Not That Girl e a climática Defying Gravity. As coreografias, os arranjos, tudo é de muito bom gosto e feito com qualidade, mas, ao mesmo tempo, meio mecânico, pouco orgânico em sua construção e transposição para o cinema. 

Erivo pode ter a personagem principal, mas quem se destaca é Ariana. Mais conhecida por sua fama como cantora, ela se revela uma grande, com o perdão do trocadilho, atriz para comédia. Seu timing é perfeito, e sua Glinda é uma jovem obcecada pela fama, mas de bom coração que, realmente, torce pelo sucesso de Elphaba – especialmente se ela, Glinda, puder pegar carona nisso. 

O livro de Maguire é, de certa forma, uma ilustração de como a história – no caso, a versão “oficial”, O Mágico de Oz – é narrada pelos vencedores. O romance dá voz e vida à Bruxa Má, resgatando sua trajetória de opressão que deve culminar (no segundo filme, espera-se) em sua total transformação. A complexidade do original, no entanto, se perde em tantas notas musicais e excessos de direção de arte.

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