17/04/2025
Drama Filme de época

A Garota da Agulha

Karoline é operária de uma fábrica que produz uniformes para os soldados da I Guerra Mundial, na Dinamarca. Seu marido desapareceu no front e ela se acredita viúva. Acaba envolvendo-se com o patrão e engravida. Pressionada a encontrar uma solução, descobre a existência de Dagmar, uma mulher por trás de uma clandestina rede de adoções. Na Mubi.

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Neste filme estrelado por mulheres fortes num contexto dramático A Garota da Agulha, do sueco Magnus von Horn (de Sweat, 2020), se aproxima com precisão cirúrgica de uma história real, ocorrida na Dinamarca em meados da I Guerra Mundial. Um dos pontos essenciais para manter o clima da história está na sóbria fotografia em preto-e-branco do polonês Michal Dymek (o mesmo de Guerra Fria e Eo). Filmado na Dinamarca e falado na língua local, conta com duas excelentes atrizes do país, Vic Carmen Sonne (de Terra de Deus) e Trine Dyrholm (de Rainha de Copas).

A história parte nos ombros de Karoline (Vic Carmen Sonne), costureira de uma confecção que, naquele momento, produz uniformes para os soldados na I Guerra Mundial. Seu próprio marido, Peter (Besir Zeciri), está desaparecido em campo de batalha e ela se acredita viúva. Neste momento, ela acaba envolvendo-se com o patrão, Jorgen (Joachim Fjesltrup), e engravida. Mas esta não é uma situação que lhe trará qualquer benefício. 

 A gravidez proporciona uma girada dramática em sua vida, colocando-a em contato com Dagmar (Trine Dyrholm), uma mulher que comanda uma rede clandestina de adoções.

Com uma câmera muito colada nas expressões e na intimidade destas personagens, o filme de von Horn cria uma atmosfera tensa, que vai extraindo cada vez mais camadas de horror, à medida que a história revela seus assustadores pormenores. Isto sem nunca resvalar para qualquer forma de maniqueísmo ao apontar as escolhas, não raro temíveis de uma das personagens, o que permite ao mesmo tempo denunciar a escassez de possibilidades para as mulheres em geral naquele contexto, naquela época. Um filme não muito fácil de assistir, mas sempre bem-composto, sóbrio e eloquente.

Trine Dyrholm, particularmente, está notável, mais uma vez, no papel de uma figura polêmica, moralmente questionável, eventualmente perversa mesmo. Graças às nuances de sua interpretação, sobram brechas para que sua humanidade não seja apagada, evitando transformá-la numa vilã maniqueísta, por mais que se condene seu comportamento. 

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