21/03/2025
Suspense Policial Drama

Luta pela liberdade

Depois de receber treinamento na União Soviética, um grupo de espiões volta à China com uma missão. Mas, depois de serem vendidos por um traidor, suas vidas correm risco.

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Geralmente, há um certeza ao se entrar num filme de Zhang Yimou: o visual vai ser impressionante. De Herói à péssima produção americana A grande muralha, as imagens são marcadas pelas cores e a meticulosidade do diretor – os outros elementos do filme, no entanto, podem padecer de alguns ou vários problemas, como é o caso desse Luta pela liberdade, esteticamente potente, mas, fora isso, duas horas arrastadas, com personagens mal-construídos.
 
Yimou despontou em 1988, com Sorgo Vermelho, seu primeiro longa, vencendo o prêmio máximo no Festival de Berlim. Formado na Academia de Cinema de Pequim, o diretor é um dos principais nomes da 5a Geração de Cineastas Chineses e, em sua filmografia, costuma transitar entre dramas sociais e filmes históricos. Por muitos anos, seus filmes foram proibidos de serem exibidos em seu país.. Mas, no começo deste ano, o cineasta aceitou dirigir a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, o que pode indicar que a relação dele com o governo melhorou – o que fica ainda mais claro com esse novo filme ultranacionalista.
 
Luta pela liberdade, cuja trama se situa na década de 1930, é um filme de espião num cenário sempre coberto de neve, trama confusa e personagens incongruentes. Como é típico do gênero, a história é repleta de traições, agentes duplos e segredos difíceis de serem acompanhados, então, talvez valha mais a pena prestar atenção nas imagens, sem se importar com os diálogos ou a narrativa.
 
Em 2019, seu filme One Second havia sido selecionado para o Festival de Berlim, mas foi retirado em cima da hora pelo diretor, sob o pretexto de “problemas na finalização”, mas o comentário é de que o longa teve problema com os censores. Talvez para restabelecer uma boa relação com o governo chinês, Yimou fez de Luta pela Liberdade uma propaganda que termina dedicada “aos heróis da Revolução”.
 
Os personagens do filme querem revelar um crime de guerra para o mundo. Tudo começa com quatro paraquedistas chegando a Manchukuo, com a missão de resgatar o único sobrevivente de um massacre promovido pelos colaboradores do governo japonês. O grupo de paraquedistas é formado por dois casais, que, ao chegarem ao solo, trocam de parceiros, para que, em caso de captura, o relacionamento não seja usado numa eventual tortura. Zhang (Zhang Yi) e Lan (Haocun Liu) seguem um caminho, e Yu (Qin Hailu), mulher de Zhang, e Chuliang (Zhu Yawen) vão para outro lado.
 
O que segue é a tensão entre as duplas, que não se reflete muito bem no filme em geral. O roteiro, escrito por Yimou e Yongxian Quan, autor do conto original, é complicado sem ser complexo, com seus personagens enganadores e uma narrativa sempre por um fio. O que resta no longa é a beleza visual, o que, no final das contas, nem é uma grande recompensa.
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