O Homem dos Sonhos é o caso típico de uma boa ideia mal executada. O diretor e roteirista Kristoffer Borgli tem um ponto de partida brilhante: pessoas no mundo todo começam a sonhar com o fracassado professor universitário Paul Matthews (Nicolas Cage). Desde sua família, passando por amigos e alunos, até gente que nunca o viu, encontra com ele em seus sonhos.
O lado bom é que Borgli não se preocupa em dar explicações. É isso, e acabou. Paul começa a ser reconhecido na rua. Dá entrevista a publicações renomadas, torna-se uma celebridade da noite para dia, quase que literalmente, para assombro dele mesmo e de sua mulher, Janet (Julianne Nicholson). Os dois não sabem como lidar com essa fama repentina, mas seguem a vida como podem.
Depois de estabelecer esse conceito, Borgli não sabe para onde ir. Começa a falar da cultura contemporânea das celebridades que se tornam famosas por acaso, sem ter nada a oferecer a não ser, por exemplo, dançar na internet. Paul, enquanto acadêmico, nunca foi relevante, sempre foi ignorado. Agora, convidado para o cast de uma agência de influencers, acredita que seus textos e seus pensamentos ganharão maior visibilidade. Ledo engano, as pessoas não estão interessadas em seu conteúdo.
É uma crítica, ao mesmo tempo pertinente e vazia, essa que o filme faz. A que vem, a essa altura da história do mundo, o longa criticar as celebridades vazias que se tornam famosas e ricas? É um tema muito fácil de bater, e está exaustivamente discutido, e O Homem dos Sonhos não tem absolutamente nada a acrescentar à questão. Mesmo quando Paul encontra sua queda, nada de novo sob o sol.
Há momentos, com diálogos insólitos, que o longa parece querer seguir os bons filmes de Woody Allen, mas não é o caso. Apenas em raros momentos é que o filme tem boas sacadas. Cage parece o ator perfeito para o papel, com seu jeito sorumbático, mas nem ele se esforça muito. Todo mundo, a começar pela direção, está no piloto automático, culminando em algo que parece paródia de si mesmo com selo da A24 e produção de Ari Aster, para tentar dar algum lastro - mas não é o que acontece.