21/01/2025
Documentário

Corpo presente

Performance se tornou uma palavra-chave do nosso tempo. As pessoas performam seja na vida cotidiana, nas redes sociais, nas artes. E, nesse sentido, o corpo se tornou um dos principais objetos de dimensão e expressão política.

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O ato da performance se tornou um gesto tão comum de nossa época que se transformou até em verbo: performar. Isso se torna ainda mais sintomático numa época em pessoas performam nas redes sociais – e não são apenas dancinhas no Tik Tok, mas personagens que assumem para se expor aos outros. Corpo presente, de Leonardo Barcelos investiga, num plano artístico, como o corpo se torna a ferramenta fundamental para esse processo. 

Transitando entre imagens e o áudio de depoimento das personalidades Suely Rolnik, Ailton Krenak, Carlos Mendonça, Diana Corso, Jo Clifford, Leda Maria Martins e Erika Hilton, o documentário é, em si, uma performance. O resultado é algo sensorial que transita entre o cinema poético e uma instalação artística marcada por imagens oníricas e pensamentos metafísicos. 

Ao discutir o papel do corpo humano como objeto político, o filme é carregado de simbolismos e, no fundo, um tanto hermético. Enquanto há imagens bonitas, é preciso certa dose de paciência ou interesse no tema para atravessar os 70 minutos desse filme tão exigente. Um curta talvez fosse mais eficiente. 

Como é típico, também, da contemporaneidade, momentos históricos, discursos e estilos artísticos são colocados lado a lado como frutos de um mesmo impulso. Esvazia o sentido histórico das coisas, mas, no fundo, é, de certa forma, um movimento típico da performance, que é capturada no seu momento de execução, e nunca repetida da mesma maneira. 

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