16/02/2025
Drama

Estranho caminho

David é um jovem cineasta que volta à sua cidade Fortaleza para apresentar um curta num festival. O momento é março de 2020, quando a pandemia começa a tomar conta do mundo. Sem poder voltar para sua casa, e sem ter onde ficar, acaba se hospedando na casa do pai de quem não é muito próximo. Na Mubi.

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David (Lucas Limeira) é um jovem cineasta que volta à sua cidade natal, Fortaleza, para apresentar seu novo filme num festival. Seria um momento de alegria e rever os amigos, mas isso acontece exatamente em meados de março de 2020, quando os primeiros casos de Covid começam a ser diagnosticados no Brasil. A partir daí, Estranho Caminho segue uma jornada inesperada de conciliação.

Escrito e dirigido por Guto Parente, este é um filme sobre isolamentos, embora não seja exatamente sobre a pandemia. Essa aparece mais como um catalisador da trama e das ações das personagens do que um elemento da narrativa. O isolamento social, aquele momento de enorme estranheza, obriga David a olhar a si mesmo.

Incidentes se somam aos poucos e logo se aceleram de forma rápida. Primeiro o festival é adiado, depois David não consegue voltar para o Rio de Janeiro, com voos e mais voos sendo cancelados. Por fim, o hotel de baixa qualidade onde se hospedou fecha, deixando-o desalojado. A única saída é buscar abrigo na casa do pai, Geraldo (Carlos Francisco), com quem há anos tem uma relação problemática.

Parente olha de forma carinhosa para esses dois personagens, homens cujas vidas se afastaram e agora, meio a contragosto, precisam dividir o mesmo espaço, sem intimidade, com pouco conhecimento um do outro. É um olhar delicado do diretor na percepção de como os afetos podem ser recuperados diante das adversidades.

As coisas acontecem, primeiro, de forma lenta, e, depois, de repente, tal qual a pandemia. A masculinidade tóxica, um tema tão corrente, é esmiuçada na percepção de como pode ser uma construção social desconstruível. Parente retrata o estranho caminho da reaproximação forçada, que é exatamente quando pai e filho percebem-se além dos laços familiares, como pessoas com sonhos, alegrias, ansiedades e tristezas, numa jornada com um toque surreal. A grande surpresa é perceber que o outro é igual a nós.

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