17/03/2025

Em memória de um baiano essencial, meu amigo João Sampaio

Pois é – o muito querido João Sampaio deu zignáu.
 
Esse crítico que era pura inteligência e intuição, esse amigo que era sorriso sem vacilação, esse baiano retado longe dos clichês que simbolizava como ninguém a Bahia de raiz, a Bahia do Recôncavo.
 
O João que inventava ou divulgava gírias que ninguém sabia de onde tirava – como o “dar zignáu”, ou seja, sumir de cena.
 
Não era para fazer isso com a gente não, João!!!
 
Quem dera, pedindo licença a Jorge Amado, você pudesse dar uma de Quincas Berro d’Água e percorrer de novo as ladeiras de Salvador com a gente. Vivo, bem vivo, embalado no teu sorriso.
 
Quem dera.
 
Saudade é demais, meu amigo.
 
Mas, para fazer jus à tua incondicional alegria, não vou preservar a tristeza dessa tua partida muito brusca, muito precoce, muito absurda.
 
Em homenagem a você, ao teu imortal espírito brejeiro, vou manter o coração aberto às alegrias que virão, ou que a gente vai extrair, ou vai fabricar. Porque alegria também se inventa e precisa inventar, porque a criação é a marca humana sobre a terra.
 
E que sobre a terra do Brasil, que a tua presença iluminou por 44 anos, que o teu espírito cordial frutifique – porque era você o verdadeiro homem cordial brasileiro. Que a gente possa instaurar essa tua disposição de ser sempre gentil mesmo discordando até a última palavra do teu interlocutor. Tudo isso está faltando demais hoje neste país, que você deixa nas nossas mãos, e que a gente, tua legião imensa de amigos por esse mundão, precisa preservar da maré de baixo astral.Que fique com a gente teu espírito imortalmente belo e gentil.
 
Vou começar por aqui: mesmo sendo corintiana até a alma, puxo um viva ao teu Vitória hoje, em tua homenagem.

Saudade infinita de Eduardo Coutinho

Sensação de dor insuportável no cinema brasileiro: Eduardo Coutinho, 80 anos, morreu assassinado neste domingo. 
Estamos órfãos. Profundamente tristes, desolados, com uma sensação de perda irreparável, de lacuna impreenchível. Porque Coutinho era único, insubstituível e não deixa herdeiros. Nós, que o admirávamos, sempre nos preocupamos com seu invencível vício do cigarro, temendo que o perderíamos para um câncer. Em vez disso, se preparou uma tragédia como essa, entre quatro paredes, manchete de jornais. Tudo ao contrário da discrição que Coutinho, homem e cineasta, cultivou nesta vida.
Jornalista e documentarista rigoroso, ela pautou seu estilo pelo respeito ao entrevistado, pela recusa à exposição descabida, pela rejeição a qualquer tipo de exibicionismo ou esculacho.
Coutinho era uma avis rara, ainda que profundamente humano, sujeito às falhas de todos nós. Mas, como cineasta, atingiu uma altura que poucos podem sonhar alcançar.
O observador sensível da condição humana brasileira se calou para sempre. Não há consolo possível.
Que a herança de seus 22 filmes ilumine para sempre o céu do cinema brasileiro, como uma constelação capaz de nutrir outros talentos, que sonhem se irmanar à grandeza do dele. Saudade já começou e não tem jeito de passar.
 
*
Nem bem fico sabendo da terrível notícia sobre o nosso maior documentarista, já se encaixa outra nota trágica: o ator Philip Seymour Hoffman foi encontrado morto. Aparente overdose. Mais uma perda terrível, de um dos maiores atores norte-americanos. Que domingo!!!

Os meus melhores filmes de 2013

Primeiro de tudo: Feliz 2014!!!!!!!!!!!!!!!!
 
Depois, diante das polpudas 398 estreias nas telas do País de 2013, não é tarefa simples fechar aquela famosa lista dos melhores do ano passado.
 
Algumas boas notícias: a volta às telas de um cinema italiano vigoroso e empenhado, com nomes como Paolo Sorrentino, Marco Bellocchio e os irmãos Paolo e Vittorio Taviani e Emanuele Crialese à frente dessa esplêndida squadra azzurra. E também o maior orgulho de ter um mexicano entre os melhores, o dilacerante La jaula de oro.
 
No lado brasileiro, a ótima notícia de um caminho sólido na ficção, através do excepcional O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e uma animação de primeiro nível, com ótimo roteiro (o ponto fraco do gênero, em geral) e técnica, História de amor e fúria, de Luiz Bolognesi. Mas os documentários nacionais ainda estão ganhando em qualidade, com o grosso da nossa ficção embalado por comédias não raro de gosto duvidoso, mas com ótimos resultados na bilheteria (18,8% do market share, uma ótima notícia econômica, sem dúvida). E o intrépido Cine Holliúdy, de Halder Gomes, mostrando aí que há outros caminhos para a comédia nacional ser popular.
 
Enfim, com dor no coração pelos muitos títulos bons que ficam “de fora”, todo mundo gosta dessas listas, até para comparar o que ficou mais na nossa memória, coração, retina. Sem pretendermos ser definitivos.
 
Aí vão os meus preferidos de 2013:
 
Brasileiros
 
O som ao redor
Repare bem
Serra Pelada – a lenda da montanha de ouro
O dia que durou 21 anos
Hoje
História de amor e de fúria
Cine Holliúdy
Mataram meu irmão
Cidade Cinza
Educação sentimental
 
 
Menções honrosas: Serra Pelada; Dossiê Jango; Doméstica; Segredos da tribo; O que se move; A busca; A memória que me contam; Alma da gente; Meu amigo Cláudia
 
Estrangeiros
 
A grande beleza
Tabu
Aconteceu em Anatólia
Branca de neve
Na neblina
La jaula de oro
O mestre
Depois de maio
A bela que dorme
Camille Claudel 1915
 
Menções honrosíssimas: César deve morrer; Almas Silenciosas; Indomável sonhadora; A caça; Álbum de família; Além das montanhas; Um toque de pecado; Pais e filhos; Vocês ainda não viram nada; Amor; Barbara; Terra firme; Amor pleno

O jardim da tolerância de Makhmalbaf

 Há muito que o cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf (Um Instante de Inocência, Gabbeh) mistura vida e obra, processo e resultado, encenação e realismo. Como faz em seu novo filme, o documentário O Jardineiro, que teve uma única e concorrida sessão na Mostra de São Paulo (porque apenas isso foi autorizado por seu distribuidor norte-americano). Makhmalbaf é visto na tela, filmando e conversando com um de seus filhos, Maysam, mostrando-se a si mesmo e ao filho filmando, tendo como objeto uma religião cujos seguidores são perseguidos no Irã – os Baha’i. Aliás, perseguidos há muitos anos, não apenas pelo atual governo.
 
Do que fala realmente o documentário ? A discussão sobre religião é evidente e o filho de Makhmalbaf é o porta-voz da preocupação de que o filme se torne chapa branca, religioso. Porque, mesmo declaradamente agnóstico, o pai encanta-se com a filosofia de pacifismo e tolerância dos Baha’i, que é simbolizada visualmente pelos imensos jardins de uma sede por eles mantida em Haifa, em Israel – em que convivem plantas das espécies mais distintas, cuidadas com delicadeza pelo jardineiro Eona, um guineense.
 
Independente do que se pense sobre os Baha’i, ou as religiões – uma outra passagem na Jerusalém dividida entre judeus, muçulmanos e cristãos é particularmente interessante -, o maior tema de Makhmalbaf é o da tolerância. É visível a preocupação do cineasta com os fundamentalismos que abalam o mundo hoje, os homens-bomba convencidos de que irão direto ao paraíso por fanáticos ideólogos de uma “guerra santa”. Mesmo não sendo religioso, Makhmalbaf se pergunta se a religião não pode, igualmente, ser um instrumento de convencimento da criação da paz – como fazem os Baha’i. E questiona o filho se sua geração não está elegendo outra religião na tecnologia, transformando Steve Jobs e outros em novos deuses.
 
Bastante simples, no fundo, O Jardineiro está propondo uma busca da reinvenção das formas de convivência entre os diferentes, que somos todos uns em relação aos outros. O mundo inteiro hoje parece um tanto perplexo em suas explosões, manifestações, intolerâncias mútuas. Através de sua arte militante, mais uma vez Makhmalbaf, hoje perseguido a ponto de não morar mais no Irã e não ter endereço certo pelo mundo para proteger-se e à sua família, não desiste de procurar um novo diálogo.
 
Seria bom que o filme fosse exibido novamente e discutido.
 

Memórias do cinema na Catânia

Logo depois do Festival de Veneza, fiz uma pequena viagem à Sicília. Na cidade de Catânia, aos pés do vulcão Etna (ainda ativo!), tive a grata surpresa de descobrir mais um Museu do Cinema bastante curioso e original.
Idealizado pelo mesmo arquiteto do belíssimo Museu do Cinema de Turim, François Confino, o museu catanês tem como cenário o Le Ciminiere, uma antiga fábrica de enxofre que existia desde o século 19, bem ao lado da linha de trem.
 
Em seus vários ambientes, é possível fazer um percurso pela história da sétima arte, através de projetores, moviolas e outros objetos. Conta igualmente com uma acolhedora sala de cinema, dotada de confortáveis poltronas de couro macio (parece a sala das velhas avós da gente). Ali se assiste a um delicioso filme de 15 minutos, que viaja por vários capítulos da história do cinema, de Meliés e Chaplin a Fellini. Detalhe: o apresentador no filme é o ator Lando Buzzanca, o impagável intérprete de Divórcio à Italiana e Seduzida e Abandonada, que é siciliano de Palermo.
 
Saindo desse filme – que emociona até o fundo os amantes do cinema, ainda mais com uma trilha de Nino Rota para Fellini -, o visitante pode explorar diversos ambientes muito comuns: o quintal com o famoso varal de roupas penduradas; uma cozinha; uma sala de jantar; um bar; um quarto de dormir e um banheiro com banheira, todos dotados de pequenas telas, instaladas nas paredes ou dentro dos objetos, passando trechos de filmes de todos os tempos e de todo o mundo.
 
Não falta também o gabinete do “poderoso chefão”, que lembra a famosa trilogia de Francis Ford Coppola.Você tem a sensação de que Marlon Brando vai entrar pela porta a qualquer momento...
 
Algumas salas guardam fotos de bastidores de filmes produzidos na Sicília, caso de O Belo Antônio, de Mauro Bolognini; Stromboli, de Roberto Rossellini; La Terra Trema, de Luchino Visconti; Seduzida e Abandonada, de Pietro Germi.
 
Outras fotos e cartazes resgatam um pouco da curta história da indústria cinematográfica na Catânia, que floresceu especialmente com o estúdio Etna Film, do industrial Alfredo Alonzo, nos anos 1914-15, quando chegou a exportar suas produções épicas e melodramáticas para a Espanha e a América Latina.
 
Enfim, quem passar pela cidade, ganha muito em conhecer este belo museu. De quebra, pode aproveitar para conhecer um outro, que fica nas instalações da mesma antiga fábrica, e que é o Museu do Desembarque na Sicília. Com filmes, mapas, materiais, uniformes, etc., reconstitui as etapas da complexa operação de desembarque das tropas aliadas na ilha em 1943, um episódio decisivo para a vitória contra os nazistas. É igualmente emocionante, ainda mais porque o que ali se relembra é tudo mesmo verdade.
 
Mais informações nos links:
 
 

Cadeiras, tomadas e ar-condicionado em Veneza

Veneza -Jornalistas geralmente criticam as coisas, porque isso é exigido deles, ou por vício profissional mesmo. Mas é bom reconhecer – nesta 70ª edição do vetusto Festival de Veneza, houve alguns progressos na vida dos repórteres e críticos que fazem a cobertura.
 
Pela ordem: o ar-condicionado no imenso Cassino do Lido, que tem um pé direito altíssimo, funcionou bem até demais. Não raro, ficou gelado nos espaços onde os jornalistas trabalham, no terceiro andar. E também nas salas de exibição, como a enorme Darsena, de 1.300 lugares. Uma boa medida, já que o festival sempre acontece no verão.
 
Também, finalmente, os organizadores da Bienal de Veneza ouviram as queixas e protestos de tantos anos e colocaram várias mesas, cadeiras e – aleluia!! – tomadas para o carregamento de notebooks, tablets e celulares. Aquele triste espetáculo de dezenas de críticos sentados no chão este ano foi, felizmente, bem mais raro. Bravo!!!
 
Em compensação, continuam acontecendo inexplicáveis atrasos no começo de muitas sessões, o que tem efeito em cadeia. E nunca se dão explicações. Parece desorganização mesmo. Esse tipo de coisa nunca acontece em Cannes, por exemplo.
 
Os restaurantes do Lido, em geral, continuam insensíveis aos horários impossíveis daqueles que vêm trabalhar no Festival. A maioria deles continua aferrado aos seus horários tradicionais e esnoba essa multidão de novos clientes temporários. Quem chegar fora do horário, simplesmente tem que se contentar em encontrar um sanduíche em algum outro lugar. Por isso, não poucos estrangeiros que passam por aqui vão embora sem um verdadeiro contato com a lendária culinária italiana...
 
Enfim, para o que melhorou, elogios. Antes tarde do que nunca...

Na companhia de Billy Wilder, Howard Hawks, Jacques Rivette e outros

Há problemas que é bom ter, como nesta semana em São Paulo, quando coexistem a mostra Billy Wilder – uma espetacular retrospectiva completa do genial diretor de Crepúsculo dos Deuses no CineSesc, com cópias novas e restauradas, um verdadeiro presente -, que está em seus últimos dias, além das mostras que começam nesta primeira semana de julho, Jacques Rivette no CCBB, e Howard Hawks, no Centro Cultural São Paulo.
 
Não é por nada, mas não é qualquer cidade do mundo que tem esse privilégio, que vai tornar mais estressantes as rotinas dos cinéfilos, tendo à sua disposição filmes de dois mestres do cinema americano e um do cinema francês. Sem esquecer a prata da casa: na Cinemateca Brasileira, até dia 7-7, prossegue a mostra Clássicos & Raros do Nosso Cinema, exibindo verdadeiras preciosidades do cinema brasileiro, como os curtas de Aloysio Raulino, o documentário Conversas no Maranhão, de Andrea Tonacci e Bebel, Garota Propaganda, de Maurice Capovilla, entre outros, todos restaurados.
 
Nas próximas semanas, a coisa toda "piora", ou seja, vão estrear ainda outras mostras importantes, uma do Cinema Português Contemporâneo, a partir de 16 de julho na Caixa Cultural SP, e de Oscar Micheaux, um pioneiro do cinema negro norte-americano, também no CCBB-SP, a partir de 24-7.
 
Corram todos! Aproveitem ao máximo, as retinas e a inteligência agradecerão.
 
Confiram as programações:
 
http://www.cinemateca.gov.br/
 
http://www.sescsp.org.br/unidades/2_CINESESC/#/content=programacao
 
http://www.bb.com.br/portalbb/page512,128,10163,1,0,1,1.bb?codigoNoticia=38297
 

O eterno charme de Alain Delon

Cannes – Há coisas que certos atores têm, mas muito poucos. Não só a beleza, como o carisma. É o caso de um dos homenageados desta edição de Cannes, Alain Delon, prestigiando uma sessão da cópia restaurada de O Sol por Testemunha (1960), de René Clément.
 
Aos 77 anos, o homem continua carismático e com senso de espetáculo. Com ar sedutor, subiu o tapete vermelho de mãos dadas com a ministra da Cultura e da Comunicação, Aurélie Filippetti – que virou um verdadeiro arroz de festa por aqui, num esforço concentrado de relações públicas a favor da combalida imagem do governo François Hollande, detonado pelas dificuldades econômicas e por pressões de setores reacionários contra o casamento gay.
 
Dentro da enorme sala Debussy, lotada para vê-lo (inclusive com várias pessoas que compraram ingresso para isso), Delon subiu ao palco e lembrou que o filme de Clément foi que o lançou, há 54 anos atrás. “Eu não era ninguém até fazer este filme”. Vendo-o aqui, Luchino Visconti decidiu chamá-lo para protagonizar Rocco e seus Irmãos. “Achei meu italiano do sul”, teria dito Visconti ao ver Delon em O Sol por Testemunha.
 
Fora os aplausos, o que emocionava mesmo Delon era a falta dos amigos que já morreram, como Maurice Ronet, seu colega em cena em O Sol por Testemunha, morto aos 55 anos, em 1983. “Apesar de sermos os melhores amigos, nos filmes eu sempre tinha que matá-lo, o que nos fazia rir muito”.
 
Restaurado com perfeição, o filme trouxe de volta um Delon muito jovem, que fazia todo mundo perder o fôlego. Os belos olhos azuis, porém, não perderam o brilho. Continuam impecáveis. 

Uma edição de clima temperamental em Cannes

 Cannes – Parece até ironia fazer este comentário num dia como esta última sexta do 66º festival (24-5), em que brilha o sol, apesar de um ventinho gelado. Mas, já em clima de balanço, dá para dizer: este foi o ano do pior clima em Cannes. Faz 13 anos que venho aqui – e há colegas jornalistas que vêm há 20 e me dão razão. A meteorologia também: foi a primavera mais fria da França desde 1987. Com todo o frio, toda a chuva, tornou-se um inferno encarar as demoradas filas obrigatórias para as várias sessões de uma programação verdadeiramente insana, em que se manifestou o domínio massacrante do digital.
 
Dos 80 filmes da seleção oficial (número que inclui curtas e longas mas não as sessões do mercado nem as paralelas), apenas dois títulos foram 35 mm – um deles, a cópia restaurada do clássico A Comilança, de Marco Ferreri. O resto foi tudo DCP que, felizmente, este ano funcionou quase à perfeição, sem cancelamento de sessões ou grandes atrasos. No ano que vem, estima-se que o domínio do digital será absoluto.
 
Na Oscar Freire local, a rue d’Antibes, há poucas mas preciosas novidades – como a nova loja da sofisticada LaDurée, o que aumenta a oferta de macarons e chocolates maravilhosos e ajuda a ir para o espaço qualquer intenção de manter uma dieta.  Ainda mais tendo tão perto do Palais des Festivals atrações gastronômicas como o imperdível risoto com lascas de queijo de cabra e foie gras do Cirò, um dos bons recantos italianos locais, tocado pela simpática italiana Linda.
 
Quem lê essas coisas, até acha que os jornalistas que vêm aqui têm muito tempo para comer. Não têm. Almoço é coisa que some da agenda diária, com um horário engolido pela corrida aos filmes, coletivas, junkets e escrever matérias – coisa que poucos lembram que a gente tem que fazer em alguma hora do dia.
 
Outra novidade na paisagem, esta de indiscutível inspiração cinematográfica, é a invasão de cachorrinhos raça Jack Russell Terrier, primo-irmãos de Uggie, o adorável mascote de O Artista – que ameaçam desbancar o reinado dos até agora inevitáveis poodles, xodós dos velhinhos que compõem parcela considerável da conservadora população do balneário da Côte d’Azur.