Em memória de um baiano essencial, meu amigo João Sampaio
Pois é – o muito querido João Sampaio deu zignáu.
Esse crítico que era pura inteligência e intuição, esse amigo que era sorriso sem vacilação, esse baiano retado longe dos clichês que simbolizava como ninguém a Bahia de raiz, a Bahia do Recôncavo.
O João que inventava ou divulgava gírias que ninguém sabia de onde tirava – como o “dar zignáu”, ou seja, sumir de cena.
Não era para fazer isso com a gente não, João!!!
Quem dera, pedindo licença a Jorge Amado, você pudesse dar uma de Quincas Berro d’Água e percorrer de novo as ladeiras de Salvador com a gente. Vivo, bem vivo, embalado no teu sorriso.
Quem dera.
Saudade é demais, meu amigo.
Mas, para fazer jus à tua incondicional alegria, não vou preservar a tristeza dessa tua partida muito brusca, muito precoce, muito absurda.
Em homenagem a você, ao teu imortal espírito brejeiro, vou manter o coração aberto às alegrias que virão, ou que a gente vai extrair, ou vai fabricar. Porque alegria também se inventa e precisa inventar, porque a criação é a marca humana sobre a terra.
E que sobre a terra do Brasil, que a tua presença iluminou por 44 anos, que o teu espírito cordial frutifique – porque era você o verdadeiro homem cordial brasileiro. Que a gente possa instaurar essa tua disposição de ser sempre gentil mesmo discordando até a última palavra do teu interlocutor. Tudo isso está faltando demais hoje neste país, que você deixa nas nossas mãos, e que a gente, tua legião imensa de amigos por esse mundão, precisa preservar da maré de baixo astral.Que fique com a gente teu espírito imortalmente belo e gentil.
Vou começar por aqui: mesmo sendo corintiana até a alma, puxo um viva ao teu Vitória hoje, em tua homenagem.