"Mussum - o filmis" fecha com humor a exibição dos longas ficcionais em Gramado
- Por Neusa Barbosa, de Gramado
- 18/08/2023
- Tempo de leitura 3 minutos

Gramado - Última ficção da competição do festival, Mussum - O Filmis, de Sílvio Guindane, injetou uma pitada de humor numa seleção dominada por dramas pesados. O filme de Guindane, um ator revelado ainda criança em Gramado 1996, quando venceu um Prêmio Especial do Júri ao lado de Priscila Assum em Como Nascem os Anjos, encontra o ator ideal em Aílton Graça, que encarna o humorista e cantor Mussum com uma naturalidade impressionante, tanto numa quanto na outra chave do talento do artista, falecido em 1994.
Cacau Protazio, Ailton Graça e Yuri Marçal, atores de "Mussum - o filmis"
É fácil imaginar que prêmios possam vir na direção não só de Aílton Graça quanto das atrizes que interpretam sua mãe, Malvina, em duas fases: a humorista Cacau Protázio, na fase mais jovem, uma verdadeira revelação de talento dramático; e a veterana Neusa Borges, na velhice.
O filme tem, indiscutivelmente, uma intenção de ser popular, biografando uma figura querida no imaginário afetivo de várias gerações, destacando a luta de seu protagonista para trabalhar, vencer, tornar-se conhecido, lutando contra racismo e limitações, como a origem pobre. Uma outra atração do filme é destacar várias figuras famosas na vida de Mussum, como Grande Otelo (Nando Costa), Cartola (Flávio Bauraqui), Renato Aragão (Gero Camilo), pontuando sua trajetória dessas parcerias que o tornaram quem era mas também não foram isentas de conflitos.
Nesta noite de sexta (18), estão previstas homenagens à atriz Laura Cardoso, à produtora Lucy Barreto e à atriz Alice Braga. Também serão anunciadas as premiações aos curtas-metragens, depois da exibição do documentário Luis Fernando Verissimo, de Luzimar Stricher.
Outros territórios
O documentário da noite foi o paulista Anhangabaú, de Lufe Bollini, que captura algumas disputas de territórios na cidade de São Paulo, como uma ocupação artística num prédio no centro velho, na rua do Ouvidor, um movimento de resistência da comunidade indígena Guarani do Jaraguá contra a invasão de uma construtora e a eterna luta do Teatro Oficina contra a intenção do grupo Sílvio Santos de construir espigões no terreno ao lado do seu.

Na competição de curtas, o destaque foi Mari-Hi – A árvore dos sonhos, de Morzaniel Iramari, cineasta ianomâmi que retrata em ritmo todo próprio o espaço e o tempo de sua comunidade em sua vida na floresta, destacando a importância do onírico através do pensamento vivo do líder Davi Kopenawa. O filme foi selecionado para o festival de Veneza e será apresentado na Itália no final deste mês.
Cineasta ianomami Morzaniel Iramari, diretor do curta "Mari-Hi - a árvore dos sonhos"
O outro curta da noite foi o concorrente paulista Cama Vazia, dos diretores Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet, uma sucinta e contundente abordagem sobre a morte e a organização capitalista do atendimento médico com vistas ao prolongamento da longevidade, tendo o próprio Bernardet, de 87 anos, como personagem central.
Fotos: Neusa Barbosa
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