16/02/2025

Reta final com estilo e criatividade

A segunda-feira da última semana da Mostra traz atrações para inquietar sensibilidades e apurar olhares. Confira nossas dicas:


Fechar os olhos
O espanhol Victor Erice é o que se pode chamar de um cineasta bissexto. Aos 83 anos, sua filmografia acumula poucos títulos, mas certamente são todos preciosos - como O Espírito da Colmeia (1973) e O Sol do Marmelo (1992). Seu novo filme, que teve sua première em Cannes - e mereceu protestos do diretor por não ter sido selecionado em competição - é, mais uma vez, uma obra de requinte narrativo e visual, com roteiro assinado por ele em parceria com Michel Gaztambide.

Num enredo que se enovela no próprio mistério, acompanha-se a história do desaparecimento do ator Julio Arenas (José Coronado) - que, décadas atrás, protagonizava um filme justamente sobre um homem que procurava a filha chinesa perdida de outro (Josep Maria Pou). A trama é introduzida sem preâmbulos justamente por um trecho do filme interrompido pelo sumiço de seu protagonista, e que acabou também com a carreira do cineasta e amigo de Julio, Miguel Garay (Manolo Solo).

A história do ator sumido, cujo corpo nunca foi encontrado, nem nenhuma outra notícia sobre ele, é o pretexto para a criação de uma narrativa cujas espirais se ampliam a partir do momento em que o assunto vira tema de um programa de TV , que justamente investiga casos não solucionados.

A volta à tona do tema do amigo perdido perturba intensamente Garay, que leva vida recolhida e frugal no interior da Espanha. Inúmeros encontros e incidentes deflagram novos rumos à procura de respostas para o desaparecimento de Julio, que tem uma filha, Ana (Ana Torrent, a inesquecível garotinha de O Espírito da Colmeia e Cría Cuervos).

Um capítulo intermediário também liga Julio, Miguel e a argentina Lola (Soledad Villamil), explorando uma senda que remete à memória, um dos grandes temas do enredo.

Como quem lança pedras à superfície de um lago tranquilo, Erice cria diversos círculos em torno de cada personagem, desatando caminhos possíveis que, por sua vez, deixam muito clara sua conexão com a elaboração e as elipses do próprio cinema. Assim, não há que procurar respostas muito definitivas, e sim se deixar levar, até a preciosa sequência final que sugere uma explicação para o título enigmático. Cada um, porém, terá seu olhar sobre tudo isso - e esse é justamente o tema que o filme quer desbravar. (Neusa Barbosa)

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA AUGUSTA SALA 2

30/10/23 - 20:20
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1
01/11/23 - 18:00

Zona de Interesse
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2023, este filme esplêndido comprovou a versatilidade do realizador inglês Jonathan Glazer de uma forma talvez inesperada - e no melhor sentido. Diretor de títulos de repercussão, como Sob a Pele e Sexy Beast, Glazer parte do livro homônimo de Martin Amis, para retratar o núcleo familiar de Rudolf Hoss (Christian Friedel) e sua mulher, Hedwig (Sandra Hüller, mais uma vez, esplêndida, como em Toni Erdmann).

Eficientíssimo administrador do campo de Auschwitz, Hoss tem uma casa-modelo, com amplos e cuidados jardins, bem ao lado do campo - que nunca é mostrado por dentro, apenas se ouvindo seus sons, como gritos, latidos de cães, além da onipresente fumaça que emana dos fornos que mancha o horizonte. Como em Killers of the Flower Moon, de Martin Scorsese, o filme coloca o foco os executores dos piores crimes, beneficiando-se deles sem qualquer impedimento ético, construindo seu drama com uma complexidade impecável, como um diagnóstico sobre a continuidade daquilo que Hannah Arendt tão bem definiu como “a banalidade do mal” ao radiografar a naturalidade amoral com que os perpetradores do nazismo planejaram e executaram a eliminação sistemática dos judeus em campos operados com a eficiência de uma sinistra linha de montagem. Novos massacres de nossos tempos, aliás, nos fazem pensar no ressurgimento incessante desse mal. (Neusa Barbosa)

CINEMATECA ESPAÇO PETROBRÁS





28/10/23 - 21:00
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 2
30/10/23 - 17:40

Mais pesado é o céu
Vencedor de quatro prêmios em Gramado - direção, fotografia, montagem e um Especial do Júri para a atriz Ana Luiza Rios -, o novo filmede Petrus Cariry é um drama filmado no sertão cearense que tem ao centro um arremedo de família, formado pelos errantes Antônio (Matheus Nachtergaele), Teresa (Ana Luiza Rios) e um bebê.

Perdidos na estrada, lutando contra a fome e o abandono, eles se tornam a metáfora de um país destroçado em que as esperanças de futuro encontram algum apoio e afeto em personagens que encontram pelo caminho, como Letícia (Dani Barbosa), funcionária de um posto de gasolina, e Fátima (Sílvia Buarque), dona de uma pequena pensão.

Entre o exercício dessa paternidade/maternidade precárias, o resgate do humanismo e o brado contra a violência, o filme de Petrus encontra o seu cenário devastado no açude do Castanhão, que provocou o desaparecimento, debaixo d’água, da cidade de Jaguaribara, há mais de 30 anos.

Dono de uma obra exigente, pontuada por longas ficcionais com a força expressiva de O Grão, Mãe e Filha, Clarisse - ou alguma coisa sobre nós dois e O Barco, o diretor cearense reafirma a intenção autoral, não hesitando num final que certamente divide opiniões - e é apenas mais uma mostra de sua coragem. (Neusa Barbosa)

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA AUGUSTA SALA 1

30/10/23 - 21:30 (ÚLTIMA SESSÃO)

Neve em pleno verão
Em seu segundo longa, o diretor Chong Keat Aun, um malaio de origem chinesa, resgata os vestígios de um massacre, ocorrido em 1969, de que foi vítima a comunidade de origem chinesa em Kuala Lumpur.

Se o episódio foi real, a maneira como o diretor e roteirista opta por recontá-lo não é meramente naturalista, recorrendo a recursos artísticos que contextualizam a trama, como o canto e a literatura, recobrindo um relato que inclui episódios de crua violência.

No bairro chinês, são costumeiras as exibições de ópera na rua, utilizando um pequeno palco. Não muito longe dali, há um cinema. Na noite de 13 de maio de 1969, após as eleições, estes dois lugares serão percorridos por hordas enfurecidas, que atacarão todos os chineses que encontrarem pela frente.

Nessa mesma noite, Ah Eng (Koet Yenn Lim) e sua mãe (Pauline Tan) foram assistir à ópera, enquanto o pai e o irmão foram ao cinema. Os tumultos de rua interrompem a ópera, e Eng e sua mãe são abrigadas pela trupe - apesar do desespero da mulher, que tenta várias vezes sair para ir em busca do marido no cinema, sendo dissuadida pelos artistas.

Quando finalmente os rumores se aquietam, todos saem e se encaminham ao cinema, onde o cenário é de devastação. Um corte no tempo leva a 2018, quando se reencontram a agora adulta Eng (Fang Wan) e a diretora da ópera, numa sequência de intensa dramaticidade e beleza.

A maneira como a fotografia de Jerry Hsu e o desenho de som de Tu Duu-Chih e Wu Shu-Yao se mostram capazes de criar cenas de impacto é um dos pontos altos do filme. (Neusa Barbosa)

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 4
30/10/23 - 20:40
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 5
31/10/23 - 19:40

O Sangue
Esta versão restaurada do belo filme do realizador português Pedro Costa permite reencontrar uma obra de seu passado, anterior à fase que se dedicou a personagens de imigrantes despossuídos, como Juventude em Marcha (2006), Cavalo Dinheiro (2014) e Vitalina Varela (2019).

Ao centro deste enredo está uma pequena família de classe média baixa, moradora no interior, formada por um pai (Canto e Castro) que vive abandonando os filhos, Vicente (Pedro Hestnes) e Nino (Nuno Ferreira). Vicente, o mais velho, é o centro de ligação entre os dois, resgatando o pai de suas fugas e funcionando como uma figura paterna para o irmão caçula, tentando dar-lhe uma rotina em que se apoiar.

Não se conhece muito bem a natureza das atribulações nervosas do pai, que também tem problemas de saúde, cabendo a Vicente manter o trabalho de entregas com um pequeno furgão. Uma luz em sua vida é Clara (Inês Medeiros), assistente das professoras na escola primária, e que se interessa por Vicente, conhecendo-lhe as perturbações.

Finalmente, um dia o pai desaparece da vida dos filhos, dando início a uma fase de maior instabilidade na vida dos filhos. Aí surgem também personagens até então desconhecidos, como um tio (Luis Miguel Cintra) que vem passar o Natal e dois misteriosos cobradores de uma dívida do pai, que Vicente desconhecia.

Numa narrativa lacunar, em que os silêncios mantêm a tensão, Costa sustenta um filme sóbrio, como fará outros, imbuído de uma espécie de existencialismo sombrio, em que a gravidade das escolhas se impõe para vidas que parecem tocadas por uma espécie de fatalismo. (Neusa Barbosa)

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1
30/10/23 - 16:10
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA AUGUSTA SALA 1

01/11/23 - 22:00

Bom dia à linguagem
O cineasta francês Paul Vecchiali deixa uma espécie de testamento à sua obra em Bom dia à linguagem, último filme a ficar pronto antes de sua morte, em janeiro passado, aos 92 anos. Em cena, estão apenas ele e Pascal Cervo, ator de diversos longas dele, como pai e filho que se reencontram depois de 6 anos de separação.

O primeiro encontro é ainda durante um momento duro da pandemia. Eles conversam num jardim, a certa distância, e o pai sentado retira a máscara para falar com o filho. A segunda cena acontece enquanto comem, num restaurante ao ar livre, e a distância entre eles diminuiu. Já no segmento final, pai e filho estão sentados muito próximos, quase um no colo do outro.

A composição dos quadros dessa maneira mostra o processo de aproximação desses dois homens, enquanto eles se tornam cada vez mais sinceros um com o outro, até que todas as mágoas tenham sido expostas, e só assim poderão voltar a viver em harmonia.

Temas caros ao cinema de Vecchiali estão presentes, como as relações familiares, os reencontros e os casos amorosos. O filho, talvez pela idade, ainda se mostra mais ressentido do que o pai, muitas vezes partindo para uma agressão emocional, até que, finalmente, os laços possam se restabelecer de forma plácida.

O cinema também é um tema de discussão entre pai e filho – de cineastas como John Ford a Jean-Luc Godard. O título, aliás, parece uma provocação a esse, já que em sua filmografia há o Adeus à linguagem. Mas talvez seja Ford e seus faroestes uma força aqui, afinal, pai e filho estão como duas figuras duelando, mesmo que sem armas.
É um filme de muita simplicidade, mas que, dessa forma, permite entrar a fundo nas relações fraturadas entre pai e filho. Fora isso, é muito bonito ver Vecchiali atuando em seu derradeiro papel. É um filme imbuído de muita sinceridade, que o torna emocionalmente desconcertante.
(Alysson Oliveira)

KINOPLEX ITAIM SALA 2
30/10/23 - 22:20

Zona crítica
Vencedor do principal prêmio no Festival de Locarno deste ano, Zona Crítica não é o típico filme iraniano contemplativo. Escrita e dirigida por Ali Ahmadzadeh, esta é uma obra que pulsa com uma energia particular, protagonizada por um traficante de bom coração, interpretado por Amir Pousti, que também é cineasta e estreia aqui como ator.

Carros são um espaço cênico importante no Irã, de E a vida continua, de Abbas Kiarostami, ao recente Pegando a estrada, de Panah Panahi. Em Zona Crítica não é diferente. Boa parte do tempo, o protagonista, também chamado Amir, como o ator, está em seu veículo, fazendo entrega de maconha e outras substâncias durante uma noite em Teerã.

O retrato que Ahmadzadeh faz da juventude contemporânea é marcado por cores, luzes e sons (no filme, os ruídos são incessantes). A longa jornada noite adentro de Amir é pautada também pela solidão e a revolta, num país sufocado pela opressão. De sua cena inicial, com uma ambulância fazendo algo incomum, o longa já mostra a que veio.

Amir é o rei da noite, fazendo suas entregas, mas ele é um traficante preocupado com questões sociais. Dá pequenos baseados dados de presente a moradores e moradoras de rua, que beijam sua mão em agradecimento, à ajuda uma mãe desesperada cujo filho é dependente químico de várias substâncias. “Só você pode me ajudar. Confio primeiro em você, depois em Deus”, diz ela.

As escolhas estéticas do filme também dizem muito sobre a juventude do Irã contemporâneo. A fotografia de Abbas Rahimi é melancolicamente onírica de forma a transformar a jornada de Amir numa espécie de viagem lisérgica. Em muitos momentos, aliás, Zona Crítica se entrega ao surreal, a uma fantasia que se torna necessária para dar conta da realidade, quando esta é dolorosa ou incompreensível demais. (Alysson Oliveira)

CINEMATECA SALA GRANDE OTELO
30/10/23 - 15:00
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA AUGUSTA SALA 2
31/10/23 - 19:40

Também não perca as últimas sessões destes filmes:

Ingeborg Bachmann - Jornada pelo Deserto
A veterana diretora e roteirista alemã Margarethe von Trotta exerce mais uma vez seu gosto pela cinebiografia de mulheres notáveis - como fizera em Hannah Arendt (2012) e Rosa Luxemburgo (1986) - e repete seu estilo clássico e consistente filme em torno da poeta e escritora austríaca (1926-1973).

Interpretada pela talentosa atriz luxemburguesa Vicky Krieps (de Corsage), Ingeborg ganha vida, brilho e beleza num filme que procura trazer à tona vários textos literários mas centra-se mais no período em que a escritora envolveu-se numa relação complicada com outro escritor, Max Frisch (Ronald Zehrfeld), em 1958.

A maneira como Ingeborg se define em relação a esse homem intenso e possessivo dá uma das chaves de uma personalidade vibrante, independente e extremamente sensível, o que a torna suscetível a grandes mágoas - especialmente quando ela descobre que Frisch mantém um diário com largas descrições dela, como se fosse uma das personagens de suas peças teatrais.

Atriz de muitos recursos e nuances, Vicky Krieps mantém o interesse em sua personagem, composta com muita solidez, encanto e fragilidade, num filme de época de produção bastante bem-cuidada, em termos de figurinos e cenários.

Um contraponto à existência levada por Ingeborg e Frisch entre quatro paredes, seja em sua casa, em Zurique, seja nos salões literários que ambos frequentavam com muito sucesso, é a viagem feita pela escritora ao deserto, no Egito, juntamente com um jovem admirador, Adolf Opel (Tobias Samuel Resch), onde Ingeborg dá vazão a algumas de suas paixões, sem preconceitos. Essa mulher que adorava o sol, apesar de austríaca, preferiu adotar como sua casa a cidade de Roma, onde ela não parava de encontrar encantos e cujos habitantes, para ela, eram mais acolhedores e capazes de compreendê-la.

É sempre muito difícil trazer para a tela personalidades literárias, porque os textos, ouvidos assim rapidamente num filme, não têm como atingir a mesma densidade de uma leitura atenta. De toda forma, Vicky Krieps realiza mais uma composição bem-sucedida. (Neusa Barbosa)


ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1
30/10/23 - 14:00
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA AUGUSTA SALA 1

01/11/23 - 17:40

Não espere muito do fim do mundo
O humor corrosivo do cineasta romeno Radu Jude é conhecido dos admiradores, que seguem o rastro de filmes exibidos no Brasil, caso de Aferim! (2015), Eu não me importo se passarmos à História como bárbaros (2018) e Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental (2021) - este lançado nos cinemas.

Sua ironia ácida e sem sutilezas para o politicamente correto tempera suas crônicas sobre seu país, marcadamente políticas e pintando um retrato nuançado de inúmeras doenças sociais contemporâneas, não exclusivas da Romênia, aliás.

Sua protagonista aqui é a jovem Angela (Ilinca Manolache), uma assistente de produção sobrecarregada de trabalho, levando uma vida precária e estressante, na maior parte do tempo dirigindo seu carro no trânsito infernal de Bucareste - cujos motoristas, inclusive ela, disparam impropérios um contra o outro com uma velocidade muito superior ao desempenho de seus carros.

Vivida com muita energia pela atriz, Angela torna-se facilmente um protótipo de mulher dos dias de hoje, espremida num mundo do trabalho insensível, subordinado aos interesses de vizinhos mais ricos da Romênia - e a definição do país como uma espécie de primo pobre dentro da União Europeia é, mais uma vez, lembrada por aqui, a partir do detalhe de que o atual trabalho de Angela é um projeto de filme institucional para produtores austríacos. Para relaxar, Angela cria para si mesma um alterego no Tiktok, recorrendo a um filtro que a transforma em Babita - um protótipo de macho devasso e desbocado que se torna uma caricatura cruel de toda a extrema desumanidade a que ela é submetida.

Às imagens em preto-e-branco desta Angela moderna, o diretor contrapõe imagens coloridas de trechos de um filme romeno de 1981, Angela Goes On (Angela Merge Mai Departe), de Lucian Bratu, que focaliza uma outra mulher perdida no trânsito, a motorista de táxi vivida pela atriz Dorina Lazar. Correndo em paralelo, a trajetória destas duas Angelas em busca de sobrevivência atrás de um volante, sofrendo ofensas machistas e procurando brechas para alguma vida pessoal, encontra seu sentido num momento do filme - quando a própria Dorina Lazar, hoje uma velha senhora, integra o elenco, vivendo a mãe de um dos personagens entrevistados para o projeto pesquisado pela jovem.

Que o tema deste projeto seja uma campanha de segurança no trabalho a partir de depoimentos de trabalhadores acidentados é mais uma ironia perspicaz do enredo, que não perde uma oportunidade de expor as inúmeras contradições do capitalismo selvagem que substituiu a ditadura comunista de Nicolau Ceausescu, derrubado e morto em 1989. Por isso, o universo corporativo, representado pelos austríacos, tendo à frente Doris Goethe (a atriz alemã Nina Hoss), é também impiedosamente dissecado em sua hipocrisia cruel e esnobe.

Nem por isso Jude pretende apresentar os romenos como meras vítimas de sua própria exploração. Em muitos diálogos, deixa bem claro que a Romênia também está sendo cúmplice de sua própria aniquilação - e ele, como todo seu humor, não parece muito otimista, ainda que prefira falar de tudo isso com um sorriso cínico no canto do rosto.
(Neusa Barbosa)

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1
30/10/23 - 20:30 (ÚLTIMA SESSÃO)